Este é o terceiro post que fazemos a respeito dessa sobremesa. E por que, hein? A resposta está no título acima. Sim. A Pavlova contém inúmeras variáveis, interrogações, incertezas e expectativas como toda boa surpresa! Além disso, uma surpresa que se preze também é instigante. E o instigante faz os olhos crescerem e você querer saber um pouquinho mais a respeito... A Pavlova é uma caixinha de surpresas porque dentro dela nunca se sabe o que se vai encontrar. Serão frutas, curds, chantilly, geleias? Um pouco de cada uma dessas coisas ou o quê? Ela é uma caixinha de surpresas porque entra no forno de um jeito e pode sair de outro jeito. Ai meu Deus do céu! Sai para o transporte intacta e pode chegar ao cliente nem tão perfeita assim... Jesus Maria José. Só por Deus! Mas por que apelar para todos os santos por conta de uma única sobremesa? Deveria haver um jeito, um único jeito, de contrariarmos todas essas surpresas e sim, trazermos as Pavlovas para o plano do concreto, do certo, do belo, do eterno. Há de haver... Queremos ela lisa, clara, forte, firme, palpável, performática e sim, perfeita! Seria isso uma coisa possível?
Muitos diziam que não e até eu cheguei a (quase) acreditar nisso. Estava a ponto de concordar que Pavlova era assim mesmo como se vê por aí... Que tudo bem se ela rachasse, que tudo certo se ela torrasse, escurecesse, desmoronasse, afinal, é uma Pavlova. E foram muitas! Uma atrás da outra. Um erro sucedendo o outro. Até o dia que falei: chega, só mais uma! Dias, alguns, se passaram e me repetia: chega, só mais uma! Algumas noites se sucederam e lá vinha eu, com a mesma ladainha: chega, só mais uma! Começava a me perguntar se minha persistência beirava a teimosia... E a resposta vinha nos olhares desviados, evasivos e incertos como a me dizerem, com carinho, que igualmente não tinham uma resposta para me dar.
Fui então me debruçar na teoria para conquistar minhas próprias respostas. Se a prática de fazer inúmeras Pavlovas não estava me dando o sucesso desejado, talvez os livros me trouxessem isso... Fui então atrás da química da clara do ovo, da qualidade dele, sua temperatura, suas mudanças, suas reações. Fui atrás da temperatura ideal do forno e de suas variações. O que o calor do forno fazia no emaranhado de bolhas de ar e fibras proteicas da Pavlova? Fui atrás das caldas, curds e de tudo o que podia e o que não podia ser colocado na minha caixinha de surpresas. Pensei no transporte e tudo o que ele poderia causar. Queria muito saber qual era da Pavlova! Quais eram seus desafios para crescer, para endurecer, para permanecer. O que ela tinha que vencer para se tornar uma Pavlova... perfeita?
E descobri muitas coisas! Uma delas é que a danada da Pavlova tem suas regras claras e definidas. Ela não aceita desaforo se você não as obedecer. E as regrinhas, pasmem, começam no supermercado, ao comprar seus ovos, e terminam na casa do cliente após o transporte, passando, claro, pela sua cozinha. Sim, a Pavlova é uma sobremesa de quatro ambientes: o supermercado, sua cozinha, seu carro e a casa de seu cliente. Queridos, não tentem burlar qualquer uma delas, sua Pavlova perceberá, não ficará nada contente e nem tão pouco ficará como o esperado!
Além de antiga, além de ter uma história que é disputada por dois países, de ser deliciosa, linda e sofisticada, a Pavlova trouxe uma nova forma de pensar o meu trabalho. Hoje em dia não me basta ser apenas belo e saboroso, o trabalho tem que ser impecável, pensado e estudado. Se tiver uma história antiga e interessante então, melhor ainda! E essa beleza toda que me leva até a escrever este post contando minhas agruras, meus insucessos e desafios, também me levou a concretizar um sonho de desenvolver um curso on-line! Sim. Nele, pude explorar todas as minúcias da Pavlova e contar suas regrinhas para conquistar uma Pavlova perfeita!
Vamos lá?
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Luciana Corrêa - Mixing things with Love
"porque adoramos misturar de tudo um pouco"
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